“Eles(as) têm mais

desejos sexuais?”

Se na rubrica #3 falámos do mito de que as pessoas com PDI são assexuadas, hoje abordamos o mito que se encontra no extremo oposto: serão hipersexuais?

As questões acerca da sexualidade das pessoas com deficiência são frequentes e nelas percebem-se as ideias que circulam na sociedade: “Eles(as) têm mais desejo?”, “Eles(as) são mais desinibidos(as)?” Há, efetivamente, muitas pessoas que pensam que as pessoas com PDI são hipersexuais.

Esta ideia pode surgir pelo facto de que as pessoas com défice cognitivo podem não saber distinguir moralmente o que devem/podem fazer em público e por isso podem expressar de forma inadequada a sua sexualidade. No entanto, devemos questionar: será que já lhes foi explicado como expressar de forma adequada a sua sexualidade e têm oportunidades para o fazer? Onde está a sua privacidade? É-lhes dado apoio para desenvolver a sua intimidade? Podem e sabem explorar em privado seu corpo?

Estas são questões cruciais… ignorar a sexualidade das pessoas com PDI não é a resposta! A dimensão sexual de qualquer pessoa não pode ser anulada, se não orientarmos para o espaço e tempo adequados, a sexualidade manifestar-se-á em espaços e tempos desadequados. No entanto, enquanto os cuidadores das pessoas com PDI continuarem a adotar atitudes negativas face à sexualidade das pessoas com PDI, continuarem a não investir nos seus conhecimentos sobre este tema e a não respeitar a privacidade e intimidade das pessoas com PDI, de certo, continuaremos a ter comportamentos sexuais desajustados em público. E, certamente, a sociedade continuará a acreditar que as pessoas com PDI são hipersexuais.

Bibliografia:

Marques, A. (2017). “As pessoas portadoras de deficiência mental também são seres sexuados”

Vieira, R. (2015). “Sexualidade na Adolescência: Implementação de um Programa de Orientação para Alunos com Défice Intelectual”

Artigo publicado no Jornal da Bairrada a 4 de julho de 2024.