Zero Preconceito #8
Setembro 5, 2024Estamos a recrutar
Outubro 2, 2024Esta residência artística juntou profissionais da dança com pessoas com PDI
numa criação que pretendeu honrar as diferenças e trazer-lhes subjetividade artística:
o que é melhor? Tropeçar ou sem tropeçar? Torto é direito? A sincronia na dança importa?
Acentuam-se as variâncias de ritmo e desafia-se a utilização do peso no grupo.
Entre 9 e 13 de setembro, o CACI da APPACDM de Anadia promoveu uma residência artística, no âmbito da expressão corporal, para um grupo de pessoas com PDI em parceria com a Sublime Dance Company (SDC) que dirigiu esta residência e facilitou a comunicação e contacto com este público.
Esta residência teve como finalidade oferecer referências culturais diversificadas, promovendo a participação e a qualificação das pessoas com PDI na cultura em diversos domínios da vida artística. Partindo do pressuposto de que as pessoas com PDI têm um potencial criativo, artístico e intelectual, este projeto ultimou-se como instrumento de promoção dos seus direitos. Em suma, constituiu um ciclo de ação que contrariou desvantagens e limitações e que promoveu a inclusão social e a qualidade de vida das pessoas com PDI.
Foi realizada também em parceria com a CERCIPOM, envolvendo também um grupo de clientes. Este projeto envolveu 23 participantes – 4 bailarinos e 1 coreógrafa da SDC, 7 clientes e 2 técnicas da APPACDM de Anadia e 7 clientes, 1 técnica e 1 monitora da CERCIPOM.
Concretizou-se sustentada no financiamento da Direção-Geral das Artes e do Município de Anadia e na parceria estabelecida com o Club de Ancas. Estas colaborações e apoios foram determinantes para o sucesso deste projeto.
A residência culminou com uma apresentação pública no dia 13 de setembro no Cineteatro de Anadia.
O resultado ultrapassou qualquer expectativa, sendo que o foco era apenas destacar o potencial criativo, artístico e intelectual dos participantes e oferecer experiência culturais diversificadas.
No final do espetáculo houve ainda tempo para partilhar as experiências dos intervenientes e responder a questões do público. E as palavras finais de um participante resumiram tudo: “foi cansativo e exigente mas fui muito feliz durante estes dias e neste palco!”
Este projeto foi a evidencia de que a inclusão também se faz de cultura e a cultura também se faz de inclusão.
Sinopse:
Tropeçar, por favor! teve um elenco heterogéneo partilharam o protagonismo de palco.
Como é que se abraça essa versatilidade e se constrói uma narrativa não verbal com ritmo, peso, forma e estruturação espacial e temporal que tenha uma leitura visual de fluidez, adaptação, sociedade e padrão? Como podemos todos fluir dentro de um grupo heterogéneo? Imagine-se uma cidade vista de cima, onde a individualidade não interessa, mas sim os padrões realizados pelo número de pessoas existentes? Como é que os padrões comunicam a individualidade? Será que o fazem? Será que os padrões do fluxo de vida de todos nós nos demonstram que convergimos para mais semelhanças que diferenças? Vejo uma cidade habitada por milhares de pessoas e sinto o movimento da população, mas o que acontece quando me cruzo com o indivíduo e entre nós os dois temos que decidir qual irá passar primeiro pela porta? Quem dá a vez? As regras da sociedade em movimento, como se deslocam no espaço? Algumas destas questões serão colocadas de forma mais concreta e metafórica durante a residência. Sendo que existe uma apresentação final pública, o objetivo é também receber as sugestões dos participantes e dar-lhes forma na coreografia de maneira mais imediata, com pouca resistência, já que a espontaneidade revela mais padrões do que a ponderação.
A criação desta peça tem como expectativa futura a circulação nacional e integração da peça em diferentes tipo de eventos que se alinhem com a filosofia de inclusão e diversidade artística.